segunda-feira, 11 de abril de 2011
Digamos assim que ela tenha feito de conta que foi equilibrada, paciente e tranquila. Na real foram mais ou menos umas mil e quinhentas vezes que aquilo quase saia da boca dela, começar sempre começava "Eiii! Eu.... é.... hm, eu gosto de ti, sabia?", mas não falava e não falava e parecia até que tinha medo de não sei o que, vai ver aquela enrolação toda fosse resultado da sua inexperiência com aquele tipo de palavra e expressão, quem sabe? Mas acabou que depois de inúmeras tentativas (que percebeu que só não deram certo por ter havido muita discussão mental sobre falar ou não falar) conseguiu dizer aquilo que estava pra dizer havia um bom tempo, e não se arrependeu, por que de fato sentiu que era verdade, e era importante até demais que ele soubesse disso e soubesse que por ter tido tanta dificuldade pra chegar até aquele ponto com certeza não era dito da boca pra fora nem nada assim. De algum modo pode-se até dizer que sentiu-se orgulhosa, sabia que não existia nenhuma pendência mais, nenhuma conversa deixada de lado, nenhuma palavra importante sem ser dita. Viu-se entregue completamente áquele momento e àquele abraço que a segurava, depois de sussurrar o mais sinceramente possível aquilo que não via a hora de dizer. Mas sabia qual era a verdadeira situação e mesmo assim tudo estava perfeitamente certo, e especial, diga-se de passagem. E não importava se o resto do mundo achasse o contrário, aliás, pelo menos pra ela nem existia o tal do resto do mundo. Acabou que foram embora e deixaram-se por uns dias, obra do destino, ou sei lá o que for, mas tudo esclarecido, e aparentemente, ele era dela e ela era dele. Estava marcado.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Ex-futuras-belas-tardes-de-outono
Ela sentou-se, um dia depois, na calçada onde eles costumavam ficar pela noite, depois que jantavam, até de madrugada. Lembrou de algumas conversas que aconteceram ali, e um sentimento de culpa começou a tomar espaço, mesmo que nada tivesse feito. Aproveitou a situação pra culpar-se também por um fato meio impossível de se evitar.
- Burra, imbecil! - Repetia e repetia. Era o fato de amá-lo. Mas não sei explicar o que houve, ela parou, deitou ali mesmo e silenciou. Tudo era bom justamente por aquilo de que se culpava. Se viu estranhamente satisfeita por sentir aquela coisa toda. O que teriam sido dos seus dias durante todo aquele ano, sem emoção alguma, a mesma merda de vida que ela não via graça? E quem é que teria feito o tempo passar tão depressa mas causando a impressão de que ia tudo muito devagar? E quem teria conquistado seu coração? Poderia muito bem ter sido outra pessoa, mas não foi. Simplesmente não foi, por que não era pra ser. Era ele mesmo. E aí ela deixou cair algumas lágrimas mas aquilo que ela tava sentindo era tipo de um alívio, eu não sei. Olhou pro céu tão escuro e sem nenhuma estrela, e repetiu várias vezes em um tom de voz extremamente baixo: - É ele que eu quero, é ele que eu amo...qual é o mistério? - E se eu não soubesse da história eu diria: lá vai ela, dormir tranquila, acordar de manhã cedo e bater na porta da casa dele bem no horário que ele acorda, agarrá-lo pelo pescoço e falar bem alto que o ama, e aí ele retribuirá com um beijo que ela nunca vai esquecer, sem precisar de mais nenhuma palavra, eles vão ser felizes para sempre! Utópico? É, não é bem o que eu acharia, mais seria o que eu no fundo desejaria... A única coisa que fez foi pensar que não queria mais ninguém, só ele, e decidiu que queria voltar às belas tardes de verão - que se transformariam em "belas tardes de outono", mas que não seriam mais tão belas assim, já que nem haveriam tantas, com tanto bla bla blá e coisas pra fazer, coisas de quem leva a vida muito a sério, de quem acha que não vai morrer. Tomou uma pequena atitude já criando uma enorme esperança, sem êxito, sem dar em nada, e sem tempo não conseguiu dizer, expressar, demonstrar. Quem dirá a verdade talvez seja o tempo, mas vá que ele minta. Só sei que ela gosta que seja ele, e isso a faz não querer mais esquecer como já quis.
Rafaela Schmitt
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