terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ser deus...

"Queríamos de alguma forma ser deuses, sem saber que ser deus é andar sobrecarregado, tenso, pesado, com o compromisso neurótico de ser perfeito, de se preocupar com a imagem social, de dar importância vital para a opinião alheia, de se cobrar, se punir, exigir. Perdemos a leveza do ser." - O vendedor de Sonhos.

Desde o momento em que nascemos no mundo começamos uma nova história. A nossa. Quando criança não existem responsabilidades, queremos apenas brincar e brincar, a vida gira em torno da gente, rimos por nada, choramos por nada. Aí vamos pra escola. É lá que vamos começar a aprender. Colorimos desenhos, desenhamos, aprendemos o nome das letras, quais compõem o nosso nome, adivinhamos o nome de objetos, e por aí vai. Ótimo, temos que aprender. Desde o ensino fundamental até o ensino médio tem aquela pergunta que sempre ocupa nossas cabeças: "Pra que é que eu vou aprender isso? Mas é nunca que isso vai ajudar na minha vida!" Não é verdade? Aprendemos coisas na escola que talvez não servirão pra nada. É na escola que aprendemos o porquê de estarmos nela, e sempre a mesma resposta: ser alguém na vida. Tomemos cuidado. O mundo é competitivo, quase todos querem ser mais do que os outros no mundo profissional, receber prêmio de maior isso, maior aquilo. Querem dinheiro, dinheiro, poder, status, e quanto mais possuem, mais querem, e mais acham que são felizes, quando na verdade mais estão caindo em um buraco, perigoso e cruel. E isso acontece sempre, de fato. O maior problema na realidade é que o mundo está cheio de pessoas que se importam mais com o poder do que com valores mais importantes, como a família. Imagine um homem que ganha milhões, tem uma mulher, dois filhos, e o emprego. Ele vive ocupado, sai quando sua família está ainda dormindo, e só chega depois de já estarem dormindo de novo. E pra quê? Ganhar dinheiro. Pra quê? Manter a família com o bom e o melhor. E ainda acha que nessas condições, a família é um valor maior do que o trabalho. Se engana, preste atenção, seus filhos já nem sentem muita saudade pois não passam tempo juntos. Me diz, o mundo não está assim? Todos querendo "ser alguém na vida"? Quando na verdade esse ser alguém significa ser alguém mais que os outros. Não queiramos ser mais importantes. É como diz o vendedor de sonhos, é muita, muita coisa com que se preocupar. Inúmeras dores de cabeça, problemas, tudo que se pode imaginar. Pergunte à alguma pessoa assim se ela é feliz. Mas a faça refletir e você vai encontrar uma resposta, justo na hora em que ela pensar. Tenham sucesso mas não esqueçam da sua família, de vocês mesmos, de ter e dar amor... essas razões da vida. Quando tudo acabar verão que o tempo passou muito rápido e se quer vocês viveram, não deram valor ao que realmente importa, por que quando morrermos alguém vai nos substituir no emprego, mas na nossa família, no mundo, no amor que demos e recebemos, não. Pense bem.

Rafaela Schmitt

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ela não espera mais nada...

Ela surtou, se tapeou, sua maquiagem borrou, seu corpo esquentou, se derrubou e depois se levantou. Lembrou-se que ainda era a mesma garota, mas alguma coisa dentro dela não era o mesmo. Estava tudo ido muito bem, seu coração não se manifestava facilmente, não havia mais aquele choque esquisito que ela sentia frequentemente no peito, não sentiu como se seu coração estivesse todo dividido, e ela sabia que aquele era um sinal de que a vida não seria mais a mesma. Certo dia, simplesmente decidiu que nada lhe faria mal, mais um beijo aconteceu, nenhuma palavra foi dita, mas, ah, infelizmente ela era uma garota, e as garotas se iludem com pequeníssimos detalhes, você sabe. Seu coração não estava igual, ele pulou, pulou, pulou, ela sentia a palpitação, seu peito até tremia. Desmoronou, suas chances desperdiçou, tudo era errado, não fazia sentido, vivia pra ele, e ela quis chorar, fugir, deixá-lo ali sentindo toda a dor que ela sentia. Um beijo a iludiu e a fez cair novamente, como aconteceu todas as outras vezes, ah, coitada dela, tão perdida e iludida, um simples beijo, apenas, nada mais... acabou com sua vida. E olhou nos seus olhos insistindo que voltasse, ele negava, ela dizia que o amava... chorava, implorava... que pena. Mas, veja bem, não acredite em tudo que escuta, não acredite em algo apenas por que já aconteceu alguma vez... as coisas mudam, é verdade. Pense bem, perceba a ironia, é mentira, por que essa garota, ela não vai mais cair. Mas não se confunda com as palavras por que isso não significa que não existe mais o que sentia, ela ainda sente, calmamente, mas sente... E que venham mais quantos beijos ela quiser dar, seu caminho ela sabe que não perde mais, e você sabe, todos sabem, isso é bom. E se quer saber, ela realmente acredita, e espera que você acredite, daqui alguns anos...


Rafaela Schmitt

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

De agora para o futuro.


Dias sempre diferentemente iguais, minha memória eu não vou perder, quero ver o que vai acontecer, como vamos ser, o que iremos fazer. Noites perfeitamente feitas para mim, me encantava e com o que eu sentia se encaixava. Nunca direi que o que senti foi uma bobagem. Nunca direi que nada valeu a pena, mesmo que já tenha pensado desta forma, não repetirei, por que sei, errada estarei.
Gostaria que tudo tornasse a ser pra sempre algo bonito para os únicos que sabem dessas vidas, as próprias. Espero que quando estivermos longe seja por muito ou pouco tempo, ainda teremos um ao outro, um sorriso, uma palavra de carinho. Por que se há qualquer que seja o sentimento, estaremos bem, estarei tranquila. E aquele silêncio girando ao nosso redor e a sombra daquela árvore e um dia qualquer que provavelmente seria esquecido, bom, essas coisas todas que tiverem relação com o que eu senti, guardarei pra mim, seja aqui, seja na mente, seja onde guardo coisas que não quero perder. O que nos liga não quero que morra, se não de mim uma grande parte vai embora. Nada disso é mentira, nada disso é dito da boca para fora, e tudo que eu escrever jamais verei de modo errado, por que não importa quanto tempo passe, o que senti não é algo que passe despercebido, é bonito, foi real, foi bom, e por isso o arrependimento nunca vai existir pra mim. Eu tenho minha cabeça e tudo isso, ah... não é coisa de criança. Eu não vou perder minha memória, não vou fazer questão de esquecer nada do que vivi, por que de tudo temos que levar o que é bom e deixar pra trás o que nos fez mal. E o resto, você sabe, nunca importa, afinal.

Rafaela Schmitt

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Até logo.


Um dia ruim, uma meia-conversa, onde as palavras que dizia a deixavam confusa. Não sabia que na última noite, enquanto ele dormia, ela o olhava atenta e fixamente, e aquele medo de perdê-lo que ela achava que nem existia mais, tomou-lhe por inteira arrancando lágrimas de seus olhos. Uma madrugada cansativa, o arrependimento pela ligação feita, achava que se tivesse ido dormir evitaria toda a dor, mas não, estava errada, o outro dia viria e tudo mudaria outra vez, sem querer. Aquela madrugada parecia que nunca acabaria, deixou sua fraquesa em liberdade, não sabia se afetaria no outro lado da linha de alguma forma, não era a intenção, mas aquela frase nunca seria considerada, "pare de chorar", QUEM AQUI NÃO SABE QUE ISSO NUNCA FUNCIONA? Todo mundo sabe que isso só piora, além do mais, mesmo não percebendo ele tava jogando na cara dela que tinha conseguido fazê-la chorar, e ela odeia, odeia chorar na frente de quem quer que seja. Sentia raiva, não dele, mas dela, sentia como se nada do que tinha feito tivesse valido a pena, se arrependia, não entendia, sofria, chorava, ela estava perdendo, perdendo tudo, sua proteção, seu mundo,o único que ainda extraia dela a felicidade. Se lembrou que tudo que ele quis havia conseguido. E foi embora deixando a mente dela muito esgotada, eram tantas coisas, tanta insistência, tantos não's que no final se tornavam um sim. Ele fez tudo errado, ela achou que seria capaz de reverter a situação, pensou em tudo que diria olhando pro seu rosto, anotava tudo mentalmente, e depois de muito tempo dormiu. No outro dia, ao enxergá-lo, esqueceu das anotações, esqueceu de tudo, simplesmente esqueceu. Ele a viu chorar, via que não compreendia muito bem o que estava acontecendo, ela, fosse pelas lágrimas ou pelas palavras, insistia, não aceitava, tentava, mas não adiantava. Tinha certeza que seria o último dia, enquanto deixava livre suas lágrimas o beijou, de uma forma que nunca o havia beijado, tem certeza que ele não percebeu diferença nenhuma, mas no seu coração, estava tudo de cabeça para baixo, aquele beijo seria um dos últimos, ela sentia, sabia que não era possível mas tudo que pedia era que aquele tempo congelasse, não queria nunca mais sair dali, queria aquilo pra sempre, seus braços, seu beijo, seu corpo, seus olhos, suas mãos... estava acabando, mas nunca disse nunca mais. O pior de tudo era saber que pra ele era tão fácil enquanto ela olhava pros lados, pensava em tudo, e mesmo assim parecia que nada teria solução, tudo era dificil. "Até daqui alguns anos" foi tudo que pode dizer, com a certeza de que depois de 5 anos, seu amor pode voltar.

Rafaela Schmitt

Não saia, amor (31/Janeiro)


Se, por algum motivo, você quiser sair por aquela porta uma outra vez...
Ela finalmente se fechará.
Se insistir em bater, tome cuidado. Suas mãos podem machucar, mas lá dentro... nenhum som causará. E a porta, essa... essa não mais se abrirá.
Se preciso for, meus olhos eu cegarei.
Se necessário, surda me tornarei.
Mas em direção aos seus passos... não mais estarei.

E minhas últimas palavras serão: Adeus. Adeus a ti, sonho do meu primeiro amor.
Espero que não te esqueças...
Mesmo que a porta não esteja mais aberta e você não seja mais ouvido, o primeiro amor será sempre O Primeiro Amor...

E o meu, será sempre você.

Rafaela Schmitt

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Amor assassino


Ela olhou rapidamente de volta para trás quando viu do que se tratava. E lá estava seu amor indo embora. Ela o perdoou. Mentalmente, pois em nenhum momento o pedido de desculpas saiu daquela boca que se encontrava úmida e chamava tanto a atenção da menina, como anteriormente jamais acontecera. Se quer transparecia arrependimento nos olhos daquele que muito já havia feito com outras o mesmo do que estava a fazer com a garota. Ela, no entanto, de tudo seria capaz para tal cena não ter que suportar. Parecia que aquela já era a milésima vez.
Ele estava indo mesmo embora, olhando com firmeza para sua frente, com passos lentos mas decididos, simplesmente não estava com pressa.
Ao virar o rosto a garota deixou cair uma lágrima, não sabia o que lhe aconteceria dali em diante. Deu um passo a frente e pela última vez olhou para trás. Ele já não estava mais ao alcance de seus olhos. Sentiu como se estivesse num mundo errado onde absolutamente nada prestava. Mas foi forte aquela garota. Correu dali em prantos, numa direção que desconhecia. A olhavam com espanto; alguns a viram como uma louca, outros sentiram pena, muita pena.. tudo que não precisava.
Ele, no entanto, sentiria falta dela só que nesse dia nunca imaginaria, seu pensamento se focava apenas em sua liberdade, a tão maravilhosa (e vazia) vida de solteiro. Aquele garoto tinha tudo aos seus pés, deu as costas à menina que tanto o amava com a certeza de que se quisesse voltar teria ela de novo quantas e quantas vezes tivesse vontade. Um legítimo egoísta. Mal sabia ele de tudo que tornaria a vir. A falta de amor seria um sentimento venenoso que experimentaria logo após aquele tempo que ele julgaria ser a melhor fase da sua vida; nada de compromisso, nada de amor, nada além de sexo e bebida.
Enquanto isso, ela teve de suportar todos aqueles longos dias que vieram e só serviam para piorar e intensificar sua dor. Eram tempos difíceis e ela não escondia seu sofrimento, um sorriso doeria mil vezes mais do que ja doia, e sabia que de nada adiantaria fingir que estava tudo bem, isso nunca serviu pra ela, tudo que poderia fazer era esperar. Ter muita, muita paciencia. Apesar de todo o sofrimento e tanta atração que sentia pelo suicídio, nunca o fez.
Quando ele achou que estava verdadeiramente livre, percebeu que a melhor parte de tudo é olhar pro mundo da janela do seu quarto e saber que há uma única pessoa que pode ter sido especialmente feita pra ele, olhar pro lado e poder ver alguém disposta a levá-lo onde for que achar que sua felicidade se encontra. Mas ele se surpreendeu, depois de uma noite muito louca foi que percebeu que aquela era só mais uma noite totalmente igual a todas as outras noites. Ao mesmo tempo que teve toda essa reflexão que o fez perceber a realidade, soube que fez tudo errado, e repentinamente uma garota invadiu seu pensamento com brutalidade. Sentiu falta dela como nunca havia sentido de ninguém antes, seus olhos marejavam pela manhã, sonhara com sua garota, com quem brincou tanto e tanto tempo. E o brinquedo agora era ele. Ela o enganava, e ia embora sorrindo com os olhos secos e um coração de gelo. Tão surreal. Teve uma imensa vontade de fugir da vida. Não procuraria por ela novamente, pois se arrependera... mais um erro, como de costume. Nunca é tarde quando há arrependimento.

Era uma quarta-feira e depois de abrir seus olhos, ao olhar pro relogio, 08:49. Um pouco mais cedo que o normal. Saiu da cama, abriu o guarda-roupa e puxou dali a primeira roupa que encontrou: Um vestido solto com cor de melancia. Usava esse mesmo quando conheceu a pessoa mais linda e que já fora embora de sua vida. Mas ela nem lembrava. Silêncio na casa, todos sairam. Fez a mesma coisa de sempre. Tirou o pão do armário, a manteiga, o queijo e o presunto da geladeira e ao procurar o leite, não encontrou, 09:09. Pegou dinheiro, saiu de casa, deu bom dia a uma senhora, sua vizinha, e seguiu em direção ao mercado no outro lado da rua. Quando chegou na porta percebeu algo que pra ela foi surpreendente, não acordou pensando nele. 'Talvez esteja começando a mudar...' pensou, sem entusiasmo. Saiu do mercado com o leite, 09:19. Contava seu troco, viu o semáforo fechado, deu o 1º, 2º, 3º.. e ao dar o 4º passo para atravessar a rua, tudo ficou rápido. Um carro com velocidade, desrespeitando o semáforo. Ela olhou pro lado e paralizou. Quando a viu, o motorista tentou frear, mas foi tarde. Agora sim era tarde. Aquele motorista distraído nunca mais seria o mesmo. Seu coração levou um choque. Desceu do carro e viu a garota inconsciente a dois metros de distância. Seu sangue se misturava ao leite derramado que comprou. A partir daquele momento, nada mais existia. Arrependimento era tudo que havia na mente daquele cara. A ambulância chegou, 09:35. O motorista que a atropelou foi junto ao hospital, era tudo muito confuso, um caos. Ao chegar, correu até o quarto junto com os médicos que a buscaram na ambulância, em desespero, pânico, se encontrava perdido. Os médicos tentavam a salvar, trocavam palavras que ele não entendia, tudo se embaralhava na sua cabeça e seu coração não se acalmava de jeito nenhum. Ela abriu os olhos, 10:19. Como se tivesse levado um susto. E mais um choque tomou conta daquele garoto. Uma mistura de alívio e medo. Por um acaso a menina olhou pra porta e lá viu ele, com um olhar espantado, angustiado, cheio de desespero. Ele sorriu, e com muito esforço ela retribuiu. "Você" foi a palavra que tentou sair da boca dela. Ele entendeu e aquilo teve um grande significado. "Me perdoe", disse ele sem que ela conseguisse escutar. Mas entendeu. Isso aconteceu em segundos que pareciam muito mais, ela não podia continuar com seus olhos abertos. Seu coração parava. Os médicos não desistiam. As pálpebras da garota foram se fechando, não tinha volta, ela sabia. 10:21. A máquina falava a verdade. Seu coração não batia mais. Acabava ali. O motorista, o seu amor, aquele quem a matou. Um ser-humano arrependido, perdido, morto.
No outro dia, a mãe de Emily, uma garota de 17 anos, foi até a casa de Eduardo, um garoto de 19 anos, carregando uma caixa não muito grande nas mãos, com os olhos vermelhos... Tocou a campainha e após 2 minutos ele abriu a porta. "Acredito que isso deva estar em suas mãos", foi só o que ela disse, ele pegou a caixa e a senhora virou as costas, foi embora.
Abriu a caixa. Na parte de cima, dizia: Jamais esquecido. Se surpreendeu. Haviam ali 5 fotos e exatamente 28 cartas. Leu todas, uma por uma. Desde a primeira:

"Acho que finalmente encontrei alguém que possa me trazer felicidade, é estranho o modo como estou me sentindo completa e feliz, é estranho o modo como eu me apaixonei. É tudo estranho, eu sinto, eu sinto que tudo isso é amor. Amor daqueles que não morrem. Amor que eu nunca senti, e é ele o meu amor, eu realmente espero que tudo dê muito certo. Ele é a pessoa certa, eu sei disso."

Apertou aquela carta no seu peito com tanta força, como se quisesse arrancar Emily dali. Sentiu seu perfume na carta. Lágrimas começaram a cair. Ele não sabia o que fazer, por que viver. Eduardo continou a ler as enormes cartas, lembrando de cada momento que ali era descrito por Emily, com uma saudade que não havia como entender. E a última carta o fez tremer. O fez ver claramente que era ela o amor da sua vida. E agora ele não poderia voltar. Em alguma parte da carta dizia:

"Eu não acredito que ele tenha ido para sempre. Amores verdadeiros não poderiam se acabar assim. Hoje o dia me cansou mais que o normal, li todas essas cartas e imaginei se um dia ainda ficaríamos juntos definitivamente e assim então eu daria todas elas para que ele pudesse ler e me entender. Espero que não demore muito, que algo aconteça e mude minha vida de uma forma que me ajude. Eu preciso que ele volte. Eu preciso do seu abraço, preciso beijar seu rosto e fazê-lo sorrir. Cada dia é parte do meu sofrimento, toda vez antes de dormir eu acho que vou explodir antes de acordar, parece que não vou conseguir mais viver de tanta saudade. Mas aí o dia nasce e lá vou eu outra vez, e surpreendentemente continuo no mesmo lugar. Se ele soubesse o que o amor tem pra oferecer, estaria aqui, comigo. Ele não entende nada de amor. Mas um dia ele vai entender, ele vai. E eu espero realmente que quando esse dia chegar, ele lembre de mim. Eu o amo, e não acredito que isso vá acabar. Aliás, até tenho medo que acabe."


Após terminar de ler, não viu nada que pudesse fazer. Ele, ao contrário dela, não suportaria. E o amor que Emily sentia por Eduardo agora não chegava nem perto do amor e a saudade que ele estava sentindo por ela. O amor mata. A dor mata. Escreveu uma carta para seu pai. Não chorava. Não havia um jeito mais simples de fazer aquilo. Entrou no quarto de seu pai que por sinal era policial, abriu a gaveta onde guardava uma arma. Ali mesmo, colocou o revólver em sua boca e atirou. Caiu no chão sem vida. Tudo que ele queria era encontrar Emily. Ela o amou, ele a deixou, ela sofreu, ele viveu, se arrependeu, e por uma cruel ironia do destino, foi seu amor quem a matou e estragou o vestido do dia em que tudo começou, e ele morreu, morreu por um amor, o amor mata. Sim, o amor o matou. E quem um dia poderá dizer se foram para o mesmo lugar ou se perderam-se no meio do caminho...

Rafaela Schmitt