domingo, 30 de outubro de 2011

Vá adiante

O passo mais importante é o que você acaba de dar. Olhar pra frente, decidir, pensar, continuar. Pode não ser tão fácil de aceitar as situações de vez em quando por se tratar de uma delicada importância que aquilo tinha/tem. As vezes, também, pode ser preciso chegar ao mais baixo possível à ponto de explosão, ser colocado no chão, pisoteado com crueldade, e ouvir as mais puras verdades, pra depois então, entender que seu coração não é tudo o que existe, e que de uma vez por todas, você precisa se dar uma chance de provar que pode ser muito melhor do que já foi um dia. Passo à passo, dê distância, tempo, mas não espere as coisas se resolverem de um dia pro outro com tanta facilidade. Se afaste. Se aproxime. Se você sabe que te traz mal, não encontre mais. Não suporte. Diferencie-se do resto das pessoas e seja. Seja tudo o que você quer ser.

R. Schmitt

sábado, 29 de outubro de 2011

Uma tarde de sábado

Todo mundo precisa de um espetáculo. Um final surpreendente. Ela estava deitada no chão daquele enorme banheiro. Com uma faca-de-cozinha-e-de-serra na mão esquerda. Pra doer mais ainda. A fraqueza já tinha passado pro físico, parecia, por que não jorrava sangue como imaginara. Mas era tão ruim. Aqueles doze "arranhões" ardiam, comichavam, desagradavam, mas era sangue que ela queria, e foi pouco sangue que ela viu. Não sabia como sair dali. Mas sabia que tinha que sair. Escreveu dois bilhetes. Suas mãos tremiam. Sentia-se num filme, e estava estranhamente familiarizada com todas as novas sensações.
Oque diriam? Oque fariam? Como seria? Pensamentos distantes do dela. Estava a um passo. Na beira do abismo. Mas como? Sem barulho, sem demora. Olhava freneticamente pra todos os lados, todos os objetos, mas não havia absolutamente nada. Absolutamente. Nada. "Me tira daqui", suplicava mentalmente. Pra quem? Não sei. Na beira do abismo. No lugar mais baixo que existe no mundo. Não pertencia àli. E todos tampavam os ouvidos quando ela falava. Como crianças. Tem gente que desiste fácil.
Ela estava ali. À um passo. Na beira do abismo. Um último pedido de ajuda. "Volta. Por favor." Mas ninguém via os olhos dela. Oque a deteria? Um abraço? Aquele abraço! Na espera, já sabia o fim. Todos passaram a não existir mais, desde então. Segurou firme a faca na mão e saiu do banheiro. Foi uma visão do paraíso quando ao abrir a porta,(...) Um espetáculo? Era tudo. Com o sangue endurecido dos cortes no braço e nas pernas, caminhou devagar até o quarto. Na frente do espelho, fez a maquiagem perfeita. Muito rímel, blush, e batom vermelho. O reflexo dela por dentro. Fervendo. Forte. Pesada. Foi até o guarda-roupa e sem pensar arrancou dali um vestido de verão. Decotado, leve, colorido. Vestiu.
Segurou um banquinho nas mãos e o carregou até o pátio do fundo, sob uma árvore enorme de laranjas.


(...) Foi uma visão do paraíso quando ao abrir a porta, deu de cara com uma corda. Não muito grossa, não muito fina. Perfeita. E limpa. Um espetáculo? Era tudo. Com muita facilidade como se praticasse aquilo o tempo inteiro, fez um nó num pedaço da corda formando um círculo. Subiu no banquinho e prendeu a ponta da corda à um galho grosso da laranjeira. Ainda em pé no banco, percebeu que todas as medidas foram fiéis ao ato, como se absurdamente aquilo fosse a ação mais correta a ser executada.
No céu não haviam nuvens. Algumas gotas de chuva caiam naquele momento. Como se tudo conspirasse para que parecesse o mais possível com uma cena final de um filme. Estava a um passo. Na beira do abismo. Seus olhos ardiam, olhava fixo para algum lugar ali. Com toques singelos e lentos, colocou a corda ao redor do pescoço. "Simplesmente perfeito", pensou. E então empurrou o banco com os pés, ao mesmo tempo em que dizia mentalmente, aquilo que ela precisava ouvir pra ficar. Três pequenas palavras, doces e cruéis.
No décimo primeiro segundo, se ouvia o bater das folhas da árvore. Uma laranjeira, entrelaçada à uma corda. E alguém cuja a respiração nunca mais se ouviria. "Mas estava linda", diriam.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Uma dica: desintoxique

É só você pensar que as horas passam rápido, os dias, as semanas, então fica mais tranquilo de dizer um adeus. Não se torture com abraços-sem-fim e beijos estalados, quanto mais você tiver perto mais vai querer continuar, é possível que perca a coragem. Vá embora logo, se tudo aqui te prende de uma forma que te faz ficar mal e chorar todas as noites; não dê mais chances ao sofrimento, tente sair, pense nesse "ir embora" como se você estivesse fugindo de casa, pense como emoção, sinta mais independência. Se você tá na chuva é pra se molhar, não é oque dizem? Já que você vive, vá viver. Pelo menos tente. Esqueça, esqueça de tudo, não corra mais atrás, dê ao mundo uma chance de sentir a sua falta. É tão bom quando sentem falta da gente! E pode ter certeza... sempre há alguém pra sentir falta da gente. Mas enquanto não sentirem como é te perder, não vão perceber. Vá correndo, diga que está se sentindo mais feliz, que sente vontade de viver. E faça ser essa a única verdade na sua vida. Seja feliz. Uma hora ou outra, o amor volta pra te fazer sentir especial, e faça bem do jeito que você sentir que é o melhor jeito. Um dia, a gente aprende a amar sem se machucar... sem doer todos os dias, todas as madrugadas... a gente aprende a amar de uma maneira que faz a gente acordar com um sorriso no rosto e com muita disposição pra viver. Alcance caminhos, direções desconhecidas e mergulhe de olhos fechados! Não perca mais tempo, é um pedido. Desintoxique! Então, quando seu telefone tocar, abra seu mais largo sorriso e responda que "Sim!" quando te perguntarem se está tudo bem.

R. Schmitt

domingo, 16 de outubro de 2011

Nightmare, 16/10/2011.

Eu estava dormindo e tenho pesadelos, até que de repente acordei, meio intorpecida, parecia que eu estava dopada, delirando, quando eu abria os olhos não conseguia enxergar nitidamente. Tudo que eu via eram muitas luzes, meio amareladas e esverdiadas. Eu não sentia meu corpo. Então eu consegui ver meu guarda roupa todo aberto e bagunçado, a janela também aberta: tinham assaltado minha casa. De repente quase desmaiei, perdi a força que ainda me restava no corpo, e quando estava caindo percebi um vulto, uns borrões, era minha mãe pra tentar me segurar. Eu estava nos braços dela e não sentia mais nada, então era tudo muito confuso: Comecei a escutar muito barulho, ruídos, mas era tudo coisa da minha cabeça, por que ao mesmo tempo eu não escutava nada. Passava pela minha cabeça flashes daquele momento. Muito estranho. Quando percebi, eu estava deitada na minha cama outra vez. E eu acordei, com medo, e tentei me mover. Não consegui. Abri minha boca pra tentar chamar a minha mãe, mas não saia voz nenhuma. Tentei mexer meu braço pra trás com muita força, doeu, mas enfim consegui. Era a única parte do corpo que eu mexia, bati no balcão do lado da minha cama, mas não emitia som nenhum. Quando eu abria meus olhos eu enxergava só sombras pretas em cima de mim, eu sentia como se fosse alguma coisa viva querendo me aprisionar daquele jeito, também via uma imagem do meu quarto meio cortada, e não conseguia de jeito nenhum virar meu corpo pro outro lado. Aquela coisa me puxava firme. Eu não sabia mais o que fazer. Comecei a pensar em pessoas e momentos bons, funcionava, mas era tudo tão rápido que quando eu me dava por conta não existia mais nenhuma memória boa e sem eu conseguir impedir, várias vozes invadiam meu pensamento, vozes de pessoas más, e isso atrapalhava tudo, parecia que eu nunca mais sairia dali. Então eu acordei.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Normalidade rotineira.

O fogo entope tua garganta, teu choro engasga e parece que tu já tá pronto pra cair morto no chão. Meu querido, você sou eu. NÃO ACREDITE EM TUDO OQUE OS OUTROS FALAREM. Tu vai acabar apodrecendo no chão, tentando levantar um pouco sequer a cabeça, sem conseguir, tu vai arrancar tua própria pele só pelo prazer de ver tanto sangue jorrando, e sentir que aquilo é real, que tu é o sangue que tá escorrendo, um sangue literalmente preto porque afinal tudo já tá escuro mesmo, não se enxerga mais nem um sinal de cor nesse mundo abaixo do mundo, coitado, eu sou você. Isso, retardado, se esbofeteia na cara, gruda a cabeça no espelho, arranca teu cabelo com as próprias mãos, e sente essa merda toda inundar teus olhos, teu quarto inteiro, - CADÊ A DOR, PORRA? - não banca o calminho agora, passividade não combina com traição, explode mesmo. Tua solidão é um presente de Deus, que deus? Tem que se foder, solidão é solidão, você e você, eu e você, grudados pelo tempo, somos um só, meu amor, sou o mal e você o bem, sou você e eu, esquece a história de amanhã, depois, o diabo a quatro, nada vai acontecer, porque a nossa vida tá selada com um beijo especial da nossa querida fiel solidão, entenda, entenda, ninguém foi feito pra ti, estamos só, o mundo é o mundo, ninguém vai te entender, nunca, tu tá fora de ar faz tanto tempo, desde que nasceu, assim como eu, na realidade. Continua aí, trouxa, bem aí no chão, teu lugar mesmo, tua fraqueza te leva até pra debaixo do chão, porque já nem te enxergam mais, nem te olham se quer, teu descuidado, tu jogou tudo por água abaixo, tentou me esconder, mas eu ainda existo, e tô pronto pra te pisar, te enterrar no chão de pedra, ver esse teu sorriso triste transformar-se em agonia, só preciso de alguns segundos, porque tudo que tu tem feito, tá me jogando pra longe, eu ainda estou aqui e quero vingança, porque meu tempo acabou. Sem ironias, nem despedidas, só vingança, sou realista, e quero ferrar com a tua vida, mostrar que um puta fraco e idiota não tem volta, tu já acabou. Assim como eu. Porque eu sou você, meu bem, nós somos um, agora um beijo, sangra no chão que eu tô de pé pra te aplaudir.

R. Schmitt