segunda-feira, 16 de abril de 2012

Lucky

Você fez tudo o que podia, não foi? E ele te machucou, não é? Você cuidou dele quando ele precisou, estava do lado dele quando ele não tinha mais ninguém, quando ele precisou de alguém que trouxesse-o mais alegria, você estava lá. Quando ele ficou doente ou triste, foi você. Todas as vezes que ele se sentiu sozinho e precisou de uma companhia, era você que ele procurava e era você que sempre ia. E você realmente o fazia feliz, não fazia? Você via nos olhos dele que ele se alegrava por te ter por perto. E você o chamou também quando precisou de companhia,não chamou? E quantas vezes ele foi? Mas tudo bem, por que ele não podia. Me diz, ele te fez feliz? É claro que ele te fez! Mas ele também te deixou tão triste, tão triste... E você nunca entendeu o jeito dele de "te amar". Quando você ama uma pessoa, não deveria querer apenas ela? Se você é feliz com alguém, por que motivos jogaria isso fora? Ele nunca soube como era... e você nunca antes havia mostrado isso à ele, né? Porque você nunca o deixou. Mesmo quando ele te decepcionava e magoava profundamente, dizer "não" era tão impossível. O medo de perdê-lo fazia com que você perdesse a cabeça. Mas você cansou, certo? Cansou de tratar como prioridade quem sempre te tratou como opção. Você cansou de esperar por algo que nunca aconteceria. Cansou de escutar a palavra "mas" antes de "eu gosto muito de ti". Cansou de se sentir otária perto dele, e de agir como uma idiota. Cansou de tentar entendê-lo. Porque sempre chega uma hora que tudo o que você quer é não se importar. E sem perceber, isso acaba começando a acontecer...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Uma história sem fim

Ela estava lá mas ele não estava. E já fazia muito tempo. Ela sentava, levantava, caminhava em círculos, enchia os olhos de lágrimas e estremecia com o pensamento de que ele não viria. E ele não foi. E ela ficou. Ficou ali até a última gota da última chuva cair. Até o último dia de sol passar. Até que todos os rostos não fossem os mesmos. Ela nunca saiu. Ele nunca voltou. O coração dela sempre fervilhando, o coração dele não se sabia onde encontrar. Ele ia e vinha, ia e vinha mas da última vez, POR QUE NÃO VEIO? É por que ele devia ser mais feliz assim. Por que vai ver ele prefere mesmo a solidão. Ou por que talvez, talvez o coração dele não seja dela. E talvez nunca tenha sido. Ela se manteve ali, por mais que no chão, alegre, profundamente triste mas profundamente alegre, pois se ele não estava ali, devia estar melhor sem ela. E se com ela ele era feliz, devia estar muito mais feliz. Com seu coração na mão, ela aceitou. Que o amor que ela tinha, ninguém nunca a daria. E se contentou com a solidão, escondeu todo o amor do mundo, pra caso um dia ele a visse, se apaixonasse, pois não haveria amor pra ele, e ela sabia, sem amor pra dar, ela receberia. Mas ela ficou e ele não veio. Ela ficou e ele se foi. Ele se foi e nunca voltou. E essa história eu vejo todos os dias, dentro da tua alma. Ela me disse.
— Eu não sei, é desespero, eu acho.
— E de onde vem?
— Do vazio... tu sabe. É um buraco tão grande que dá tanta, mas tanta vontade de se jogar dentro dele, só que não dá, não dá, tá aqui dentro, ó. Como eu posso me jogar dentro de mim? Como? E nada vai preencher isso, nunca mais. E por que diabos eu tenho que continuar de pé? Por que diabos eu tenho que manter a porra do meu pé no chão?
— Pra enganar. Calma... eu conheço esse vazio, e dói, né? Mas só espera que depois a dor fica mais forte até que um dia passa. Sabe, aquela velha história de que quando a dor fica insuportável a anestesia vem por conta. O vazio é o abismo inalcançável da tua vida. Tu vai sempre querer se atirar nele, mas não vai conseguir. Tem que aprender a conviver... todo mundo é um pouco vazio por dentro, não dá pra escapar. E vai ser sempre assim.