sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sem título

Olha no meu olho e me diz oque vê, eu não quero mais viver assim, não quero isso pra mim, não mereço ter que observar meu coração ensanguentado, nas tuas mãos, olhar pros lados e só ver muros, muros cada vez mais altos, construídos com tanta perfeição num cenário tão extraordinário, com tanto prazer... derruba esses muros pra mim, ou faz um enorme buraco pra mim tentar me salvar, você tem duas vidas agora, e nem se quer percebe que por mais que tente jogar uma delas por cima do muro, vai continuar intacta, uma vida, que voceê roubou, destruiu, jogou no chão e pisou em cima..... meu amor, tá escrito no muro do lado esquerdo, mas você não enxerga, eu te amo, disse uma vez, escrevi, gritei, tatuei no couro cabeludo e você nada, nem um pingo de pena. No momento em que eu me virar pra correr eles todos estarão esperando pra ver oque vai acontecer, tem uns que nem acreditam que eu vá conseguir me mover, as opções são tantas que eles ficam discutindo sobre qual é a mais provável, oque é que eu vou ser, bem no fim não importa, porque eu me virei pra correr e você viu que eu disse que te amo, e eu me afasto com passos longos, agora que voce derrubou um dos muros pra mim, que eu pedi, com a desculpa de que não conseguia mais nem respirar, que não conseguia mais ver a luz do sol, tudo por causa dos muros, e que um deles destruído seria suficiente pra mim ter esperanças de novo, você acreditou e agora eu vou embora porque você tá vendo que era verdade quando eu disse que não cabia mais no peito.

Agora eu fico mais perdida do que antes porque não sei oque é que acontece, dá pra ver minha fraqueza diante do fim da minha vida , querer enfiar uma faca no peito bem na frente do espelho, sem sentido algum, é só impulso por que ele tá vindo atrás de mim, tentando me entregar uma coisa pequena e toda rasgada em cima da mão dele, oque eu queria arrancar de dentro de mim na frente do espelho, que ele já arrancou, que nojo, parece um trapo velho enrolado, caindo aos pedaços, não quero nunca mais, que vergonha, mas eu quero voltar sabe, quero olhar pra trás e dizer que, não, não quero dizer nada, só quero voltar, meus passos afrente doem tanto ainda mais quando eu escuto lá atrás passos me seguindo, não aguento dar mais nenhum passo adiante, olho pra trás, ele tá lá, ainda segurando aquela coisa, digo joga isso fora, mas eu quero meu coração , seu coração é meu, se é isso que você quer, sem coração não vou ficar, culpa sua que não entendia que nunca mais conseguiria me devolver o meu, agora quero ver pagar, isso, arranca o seu e me dá, olha que lindo, bem vivo, só com um furinho ali, você pensou em começar a matá-lo, não é? mas eu estou aqui, meu amor, engulo seu coração e vivo pra você, venha, vamos embora, destruir estes muros e levantar outros, mas por favor não tão altos assim, e nem tão perfeitos porque quando é perfeito demais a gente desconfia, parece mentira... e eu só quero ver o que eu vou ler no lado direito, que você escrever, quero ver. E olha também pra eles agora, já foram embora.

Rafaela Schmitt

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