sexta-feira, 27 de maio de 2011

Hora de virar trapo

Levanta, vai.
Tem um novo dia, uma nova morte.
Acorda, sai lá fora e olha pra cima pra ti ver como o céu tá bonito hoje.
Tá escuro,as nuvens tão todas em pedacinhos, como migalhas.
Isso te lembra alguma coisa?
Vou te contar, me lembrou teu coração.
Pela milésima vez teu coração!
Irônico, não acha?
Dia de morte pra ti, dia de morte pro céu.
Ah, e aquele sonho anteontem, hein?
Tá prevendo futuro agora então.
Dá pra ganhar dinheiro com isso viu.
Assim nós vamos bem.
Bem mal, isso sim! Hahaha.
Chega de enrolar.
Olha, o dia agora tá claro e não parece mais com dor; não parece mais teu coração.
Vem cá, com tanto chororô e desistências e merdas e blablablá, por que não acaba logo com isso?
É tempo de desistir, cair no chão que nem um trapo e fazer a dor passar.
Não adianta pensar em fugir de casa, sumir, viajar, se matar.
Suicídio é coisa de fraco - é o que dizem - e tu é muito forte, não é?
Não, não é.
Seria uma boa, afinal.
Mas a morte é estranha... Já sei!
Enfia uma linha de pesca com um anzol na ponta dentro da tua garganta e arranca o que te traz dor.
Tu vai tirar a droga de dentro de ti do mesmo modo que entrou, pela guela mesmo.
Nada mais justo.
Acha que é loucura?
Talvez seja, ainda mais que vai sangrar.
Mas a única coisa que não tá sangrando ainda é tua pele.
Pra que esperar?
Mas vai fazer sujeira, e alguém vai ter que limpar... Tá.

É melhor não.


Rafaela Schmitt.

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