quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Em vão.

Tão meio-termo, mudando de direção a cada troca de minuto, poderia vir a estar de forma ou outra atrasado, cancelado, tanto faz, isso já não está aqui, impossível viver em mim querendo fugir, pra que eu prenderia tudo isso? Nunca encontrarão respostas nessas linhas preenchidas, nas mais espontaneas combinações de palavras que consigo fazer. Vou estar diante dos olhos de qualquer um que puder ver e ler, mas caio nesse buraco sem receio pois sei que serão consideradas apenas palavras sem sentido quando na verdade meus dedos transferem todo o sentimento e a emoção pra isso aqui, é assim que ficam as coisas. É assim que tudo continua o mesmo. É assim que encaro de frente o que vão dizer de mim, e é por isso que não ligo pra opiniões; elas normalmente não são baseadas no que eu sou, só no que pareço ser. Se estiver tentando se achar no meio de mim, talvez esteja por aí, em algum lugar dentro do papel. Em algum lugar dentro de mim. Em algum lugar onde você não queria estar.

Rafaela Schmitt.

sábado, 23 de outubro de 2010

Meu anjo desamparado.


Fechei meus olhos com intenção de dormir e lá estava ele, subindo degraus de uma escada que eu desconhecia, em passos lentos, apoiando-se na parede ao seu lado, demonstrando desamparo. Não sei o que se encontrava no final da escada. Se bem me lembro, tudo estava azul. Vi que possuia asas, na hora não pensei, mas me pergunto agora, por que não voou simplesmente? Tão fácil. O que acontecia eu nem imaginava. Ele era um anjo. Anjos existem? Ele não fez o melhor vindo até aqui pra me por duvidas. Eu posso estar enganada, ou então ele estava ali atrás de minhas lágrimas, ele realmente existe. Nunca pedi sua ajuda, nunca chamei por seu nome, nunca chorei esperando que viesse. Não foi um sonho. Não foi mesmo um sonho. Ele é o meu anjo. E não fez nada além de subir escadas com uma expressão tão triste que chegou me angustiar. Parecia sentir o que eu sentia. Será que nossos anjos tomam nossas dores? Será que andam por aí recolhendo lágrimas derramadas, desatando os nós da garganta, cortando aqueles "fios" desnecessários do nosso coração...? É só uma teoria. O que pensar sobre anjos depois disso? Quando ele vem e leva de ti o que te intrigava tanto? Eu sei lá. Mas eu sei lá mesmo!

Rafaela Schmitt

No seu espelho;

Tá vendo aquele espelho ali à centimetros de ti? Então, chegue mais perto dele e encare-o. O que é que você vê? Um rosto, um corpo... e o que mais? O que enxerga dentro desse olhar que não se desvia de você? Consegue ver algo além do que está na sua frente? É certo que a aparência seja a única coisa visível diante dos teus olhos? Ou você acha que deveríamos ver o que somos por dentro, de verdade? Mas aí será que alguém se interessaria em mudar o que não é positivo a seu respeito? Enfim... que seja. Olhe mais uma vez para o espelho... feche os olhos por um momento, depois os abra novamente... então, você sabe dizer, quem é esse que vê? Se depois dessa pequena tentativa de reflexão a resposta for não... bom, então estamos na mesma.

Rafaela Schmitt

terça-feira, 19 de outubro de 2010

...grande coisa



Se eu faço rir, queria me importar mais do que me importo, o que não é grande coisa. Tenha então de mim uma imagem que eu criei e outros vendem, o que também não é grande coisa. Mas se eu tivesse a capacidade de expressar em palavras toda essa confusão, não sei de que maneira usaria isso. Nem com que imagem eu ficaria. E acredito que, também não seria grande coisa. Eu, com certa relutância, tento descobrir... mas enfim, ninguém direcionaria sua atenção à mim quando eu finalmente encontrasse uma resposta real, então foda-se o que vão achar do que eu acho que não sou.

Rafaela Schmitt

Planetas, espelhos, luzes coloridas e árvores gigantes.

Sabe quando nada parece dar certo sendo que tudo ainda é o mesmo? Talvez as temperaturas estejam elevadas dentro de mim, em cada canto possível, e isso me agride com crueldade, me deixa louca de vontade de me arrancar de mim. Que esse pensamento soe maluco e depressivo, que me achem fraca, tanto faz, as pessoas não me importam, tanto é que fazem até um papel dispensável e inclusive chato no meu dia-a-dia. Se eu pudesse optar por ver só quem realmente me vale a pena seria a melhor coisa do mundo ontem, hoje, e amanhã quem sabe. Mas eu não posso, então tenho que suportar a loucura e a angustia de estar em meio a tantas pessoas e não querer a companhia de quase nenhuma delas, ainda ser obrigada a estar ali, sendo que tudo, tudo que eu desejava era sair correndo, ser invisivel, por pelo menos alguns insignificantes minutos. Não vejo por que palavras precisam ter a importancia que têm e os detalhes minusculos terem de ser tão fortes que chegam a causar medo, tendem a se expandir pra todos os lados vagos. Além disso, esses detalhes tornam a vida demasiadamente cansativa. Não quero que fique entendido até por que eu sei que isso é completamente impossível, só queria que aparecesse algum sinal de que as coisas estarão certas e que isso não será em vão, ou então que desaparecesse tudo, e quando eu durmisse meus sonhos não trouxessem fantasias baseadas na realidade.. eu acharia fantástico sonhar com planetas, espelhos, luzes coloridas e árvores gigantes. É tão difícil? O pior na verdade, não é nada disso, é saber que o que eu mais quis/quero está virando algo comum durante esses dias, não tira mais de mim sorrisos aqueles que valem por milhares. Justo quando eu mais preciso deles.

Rafaela Schmitt

Uma manhã com gosto de nada;

Minha manhã foi tão longa... eu não sei, mas passou rápido demais. Vejo o quanto é estranho, e foi tão sem graça sorrir hoje, tirando as pouquíssimas pessoas que conseguiram me fazer rir ou sorrir de verdade, o resto foi tudo tão chato, tão quieto, tão preso. Tanta falta eu senti hoje, de tudo. Eu sei que eu preciso, mas do que? Poucos segundos me fizeram ver o quão perdida eu ando me sentindo, mas cada dia é diferente... o que, como fazer? Olhei praquele rosto sério ali perto de mim, e senti "falta" de vê-lo sorrir. Mas como pode, se nunca o vi? Se nem o conheço? Tive uma inexplicável vontade de que tudo ao meu redor sumisse, ou parasse, que todo o meu passado se apagasse, tive vontade de nascer de novo, aprender tudo de novo, viver tudo de novo, não queria sentir tais sensações, juro que não, só que eu não consigo evitar, não está no meu controle. Ando cansada e perdida e sozinha, eu ando sozinha, comigo e mais ninguém, que droga, que merda, nem o meu melhor sonho quase realizado conseguiu me deixar tranquila nessa manhã, tão bonita, tão cheia de luz, e tão vazia, pobre. Mas teve UM abraço que me fez acordar, aquele abraço amigo, irmão, seguido de um 'eu te amo, muito' e eu agradeci tanto por ter por quem viver, por saber oque é ter um amigo, eu não estou sozinha, mesmo se for longe, eu sei que tenho a quem recorrer. É muito bom viver um momento assim quando isso é tudo de que a gente precisa e ninguém, ninguém sabe. Mas as vezes eu me esqueço e não dá pra disfarçar o desanimo que eu ando, a vontade que eu tenho de ir pra outro mundo, de fugir. FUGIR É TUDO QUE EU QUERO, tudo que eu ando querendo. Mas pode ser que eu só precise de um abraço que não termine.

Rafaela Schmitt

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O espalha-sorrisos



Ela falava com suas amigas sobre aquele garoto do sorriso encantador, tão timidamente, ela amava sorrisos, e o dele a fez ver tudo diferente, brilhando. Ele não a via, ela se escondia, pois sabia que na presença dele, sua pele mudava de cor, ele a fazia perder seus sentidos. E nunca, nunca ninguém tinha feito ela sentir daquela forma. Com seus amigos ele vivia rindo, ela não sabia dizer o motivo de suas risadas, mas sabia que elas eram o seu motivo pra sorrir. Durante a noite, quando se encontrava pensando nele, conversava consigo mesma, deixava o estoque de lágrimas se esvaziar para que tivesse seus sonhos livres, quando fechasse seus olhos. Foi numa quinta-feira, ela estava olhando pra baixo, caminhando pelo corredor da escola, pensando no sonho que teve com o seu príncipe encantado, quando pela primeira vez, ela pôde sentir o toque daquela mão quente, no seu braço. Foi rápido, nada sensível, foi normal. Ela estremeceu ao ver aquele que habitava seus sonhos, ali, tão perto, olhando pro seu rosto. Ele não sorria, o que foi uma pena. Apontou pro chaveiro da mochila da garota, que estava no chão, havia caído. Ela não agradeceu pelo aviso e ele foi embora. Se sentiu horrível por não ter dito nada, e isso se prolongou por mais umas duas semanas. O garoto, o espalha-sorrisos, sentiu sua cabeça pesar, seu chão se rachar, quando leu aquela carta que encontrou no meio do seu livro de história. Era ela. Mas ele não sabia. Pela primeira vez na sua vida, se sentiu mal, por fazer alguém sofrer. Justo ele, que sempre tinha a quem escolher, que só correspondia aos beijos, as provocaçãos, e nunca a um abraço, um carinho, uma palavra de afeto, um sentimento. Ela o olhava de longe. Percebeu que ele não teve reação, ficou olhando pra carta por um longo tempo, até vir de volta pro mundo onde seus pés estavam grudados. Guardou a carta no bolso, sorriu, e se foi. Nesse dia, ela desenhou aquele sorriso, escreveu mais duas cartas, versos e poesias, pintou suas unhas da cor dos olhos dele, e decidiu que usaria uma roupa diferente, algo mais parecido com ele, que era tão bonito, e de certa forma, tão incompatível com ela, aparentemente. Nessa noite, ela não chorou. Quase não dormiu, pois não conseguia tirar aquele sorriso da cabeça. Não parava de pensar que ele fora pra ela. Indiretamente, mas fora. Chegou à escola mais cedo no dia seguinte. Sorrindo para todos seus conhecidos, segurando o chaveiro da sua mochila na mão. Já sabia o que fazer. Ela não era a mesma de um dia atrás. Mas ninguém consegue mudar tão radicalmente da noite pro dia, isso todos sabem. Subiu as escadas, e lá estava ele, conversando com uma de suas várias amigas. E sorrindo. Que garoto que gostava de sorrir! Ela seguiu seus passos em sua direção, ainda longe, e viu outro amigo dele se aproximar. Ela não gostava do jeito daquele garoto. Mas, o espalha-sorrisos foi logo dando aquele aperto de mão, sorrindo. Trocou algumas palavras com ele depois que a outra garota foi embora, e levou uma mão até seu bolso esquerdo. Nesse momento foi que seu coração se acelerou ainda mais, estava desesperado, e não sabia o que esperar. Parou de caminhar. Olhou fixamente. Tudo que conseguiu ver foi sua carta, escrita com tanta dor, tanto sentimento, nas mãos do garoto que andava sempre com seu ar superior. Ele riu. E o espalha-sorrisos, também. Como sempre. Sempre rindo, sempre sorrindo. Sempre reprimindo alguém que queria ser. Ele fugia de si, e não sabia. Ela chorou. Correu. Prometeu que não se entregaria à nenhum outro sentimento semelhante a aquele nunca mais. Tudo passou a ser falso pra ela, depois daquele dia. Só que ela não sabe de uma coisa: aquele sorriso torto, aquele olhar vago do espalha-sorrisos depois que leu sua carta, bom, todo aquele momento fora sincero. Pra ele. Que ainda guarda um pedaço de papel em uma gaveta qualquer. Aquele pedaço de papel. E ninguém sabe. E essa foi a história da primeira decepção na vida daquela garota, que a partir daí, viveu por muito tempo temendo, evitando e desprezando grandes sorrisos. O que foi uma pena.

Rafaela Schmitt

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Segredos que ficam no travesseiro.

Deitada ali numa cama qualquer, com quaisquer lençóis, e um só travesseiro, pensamentos não são iguais, eu ando até o final do seu mundo, do nosso mundo, e tão surpreendentemente eu me encontro ali, perdida naquela maldição, aquilo tudo que me persegue, não sai mais daqui de perto de mim, mas e quem disse, que tudo isso não passa de vontades bestas? Ninguém disse, ninguém sabe e se eu soubesse, não diria, não espalharia por aí, não dividiria todo esse peso com ninguém, nem com os habitantes daquela dimensão, que na verdade são uns 4 ou 5. Eu fugiria facilmente daqui, pra correr atrás do meu doce predileto e estragado, daquilo que nem conheci muito bem, mas me prendeu, é, me prendeu pois me encantou, me deixou sem voz, sem expressão, me deixou assim, vazia, no meio da rua, no meio do nada, procurando por mim, bucando nos outros, estranhos, qualquer coisa que me fizesse sentir. Sentir. Só sentir. Eu sinto, infelizmente eu sinto, mas voltei com a mesma história, as mesmas linhas já escritas, não sei talvez tenha sido só um ensaio, talvez eu devesse improvisar, passar a borracha naquela história que nem preencheu uma folha, nem em 25 linhas coube. Nem fim não dizia lá embaixo. Essa incerteza é que me deixa cada vez mais certa de que essa explosão de sei lá o que, que todo dia me aquece, me queima, me incendeia, só acaba comigo. Só me faz outra vez voltar pra essa cama aqui atrás de mim, e, como acontece em todas as madrugadas que vêm com sons estranhos, nessa madrugada, eu vou deixar mais um pouco do que tem me alimentado ali, no meu travesseiro. Ah, só ele. Só ele é que sabe do meu inconsciente, só ele acomoda meu cérebro, minha imaginação, só ele viaja comigo no tempo. E o resto, com todo o respeito, que vá a merda, se quiserem sair daqui, ir embora, tanto faz, é, acho que um quarto vazio - sem nada além do meu refúgio - seria até mais cheio de encanto, mais cheio de graça, com mais vida, já que pra mim, a vida tem sido assim mesmo, meio sem nada, quem sabe ia até combinar comigo, quem sabe.

Rafaela Schmitt

domingo, 10 de outubro de 2010

Virar poeira...

Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada.

Caio F. Abreu

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

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Eu quase caí, quase não pude ficar em pé, quase deixei que aquilo lá que nem ocupava tanto espaço, me fizesse perder o equilibrio. Mas era tudo tão errado, tão injusto, que até o que era pequeno se tornou enorme.