segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Segredos que ficam no travesseiro.

Deitada ali numa cama qualquer, com quaisquer lençóis, e um só travesseiro, pensamentos não são iguais, eu ando até o final do seu mundo, do nosso mundo, e tão surpreendentemente eu me encontro ali, perdida naquela maldição, aquilo tudo que me persegue, não sai mais daqui de perto de mim, mas e quem disse, que tudo isso não passa de vontades bestas? Ninguém disse, ninguém sabe e se eu soubesse, não diria, não espalharia por aí, não dividiria todo esse peso com ninguém, nem com os habitantes daquela dimensão, que na verdade são uns 4 ou 5. Eu fugiria facilmente daqui, pra correr atrás do meu doce predileto e estragado, daquilo que nem conheci muito bem, mas me prendeu, é, me prendeu pois me encantou, me deixou sem voz, sem expressão, me deixou assim, vazia, no meio da rua, no meio do nada, procurando por mim, bucando nos outros, estranhos, qualquer coisa que me fizesse sentir. Sentir. Só sentir. Eu sinto, infelizmente eu sinto, mas voltei com a mesma história, as mesmas linhas já escritas, não sei talvez tenha sido só um ensaio, talvez eu devesse improvisar, passar a borracha naquela história que nem preencheu uma folha, nem em 25 linhas coube. Nem fim não dizia lá embaixo. Essa incerteza é que me deixa cada vez mais certa de que essa explosão de sei lá o que, que todo dia me aquece, me queima, me incendeia, só acaba comigo. Só me faz outra vez voltar pra essa cama aqui atrás de mim, e, como acontece em todas as madrugadas que vêm com sons estranhos, nessa madrugada, eu vou deixar mais um pouco do que tem me alimentado ali, no meu travesseiro. Ah, só ele. Só ele é que sabe do meu inconsciente, só ele acomoda meu cérebro, minha imaginação, só ele viaja comigo no tempo. E o resto, com todo o respeito, que vá a merda, se quiserem sair daqui, ir embora, tanto faz, é, acho que um quarto vazio - sem nada além do meu refúgio - seria até mais cheio de encanto, mais cheio de graça, com mais vida, já que pra mim, a vida tem sido assim mesmo, meio sem nada, quem sabe ia até combinar comigo, quem sabe.

Rafaela Schmitt

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou? Comenta!